Visão dos pântanos que percorriam o território que se tornaria a Escócia. Carbonífero Inferior, idade Viseiana.
O ambiente foi o lar de gigantes, mas de tipos diferentes do que estamos acostumados hoje em dia: artrópodes alcançavam tamanhos extraordinários, e as florestas eram majoritariamente formadas por enormes licopódios arbóreos. Licopódios são um dos grupos mais antigos de plantas vasculares, e se reproduzem por esporos ao invés de sementes. Em contraste a esses titãs do Carbonífero, contam apenas com espécies viventes pequenas.
Entre as plantas da cena, a mais abundante é Lepidodendron, licopódio com tronco de aparência escamosa que chagava a 50m de altura. As demais árvores ilustradas são o outro licopódio Sigillaria, algumas cavalinhas gigantes Calamites e a gimnosperma Cordaites. Plantas menores são a "samambaia-com-sementes" (que não se tratam de uma samambaia. apesar do nome popular) Medullosa e a cavalinha Sphenophyllum.
Um dos maiores artrópodes conhecidos, o milípede Arthropleura, aparece cruzando um tronco de Lepidodendron caído. As maiores espécies desse provável herbívoro poderiam chegar a 2m de comprimento. Também no tronco está o pequeno (com pouco mais de 40cm) temnospôndilo Balanerpeton.
Outro artrópode gigante, desta vez um predador, está caçando à direita da cena: um Pulmonoscorpius, escorpião que poderia alcançar 70cm, agarra um Westlothiana pela cauda. Este pequeno animal com aspecto de lagarto se trata de um parente dos primeiros amniotas.
Além desse escorpião verdadeiro, um dos popularmente chamados "escorpiões-do-mar" também é visto saindo da água ao fundo do ambiente. Um Hibbertopterus, euriptérido (parentes próximos dos aracnídeos) que passava dos 1,5m, se arrasta desajeitadamente para a terra firme - hábito registrado em traços fósseis, mostrando que o animal poderia sobreviver algum tempo fora da água. Também na água, o "proto-tetrápode" Crassigyrinus emerge pra observar a superfície, e o tubarão Tristychius marca presença no canto esquerdo, com suas barbatanas dorsais dotadas de um espinho cada.
Atualização 16/10/24: Após mais de 100 anos, foi finalmente
descoberta e descrita a cabeça da
Arthropleura! Espécimes filhotes revelaram detalhes importantes e, com isso, ajudaram também a compreender melhor a classificação do animal, estabelecendo que ele se trata de um "pré-diplópode" (stem-diplopod). A reconstrução anterior na ilustração se baseava em
Microdecemplex, até então considerado um artropleurídeo com a cabeça bem preservada, mas que foi agora reclassificado como um diplópode Chilognatha.