domingo, 8 de setembro de 2024

Mar Agitado - Formação Toolebuc

Austrália durante o Cretáceo Inferior, registros da Formação Toolebuc. Acima e abaixo do mar, a vida segue agitada.

Na cena, o predador insuperável do ambiente, uma Kronosaurus queenlandicus de 10 m, persegue plesiossauros de pescoço longo, Eromangasaurus australis, de 7 m. A sombra colossal sob a água chama a atenção de um Thapunngaka shawi, pterossauro que sobrevoa a área. A Kronosaurus apreciará os nutrientes mais do que nunca em sua vida, pois está gerando seu primeiro filhote.

Um pouco distante dos plesiossauros, mais animais buscam por alimento. Um grupo de Platypterygius australis, ictiossauros de 6 m, lança um ataque bem organizado contra um cardume de Pachyrhizodus grawi, espécie com aproximadamente 45 cm. Baseada numa pesquisa sobre outro icitiossauro, o Stenopterygius, uma curiosidade retratada e especulada para o Platypterygius é a capacidade do animal de ajustar sua coloração para mais clara ou mais escura, devido aos seus pigmentos ramificados. Dessa forma, os Platypterygius próximos da superfície estão mais escuros e protegidos da radiação solar do que um indivíduo que, por estar localizado numa maior profundidade, está mais claro. 

Enquanto os répteis marinhos encurralam as presas, a ação mais direta e bruta de outro peixe predador chega de surpresa: um Australopachycormus hurleyi, predador de 3 m e dotado de um focinho pontiagudo, se lança em alta velocidade contra o cardume, abrindo um buraco nele conforme os Pachyrhizodus desviam. A agitação da caçada chama a atenção de mais predadores, fazendo com que outros Australopachycormus e alguns Cooyoo australis, com 2,5-3 m, nadem em direção ao cardume para tentar capturar alguma presa. No céu, os pterossauros Mythunga camara também aproveitam a oportunidade e tentam abocanhar os Pachyrhizodus próximos da superfície. De ponta a ponta das asas, esse pterossauro media quase 5 m.

Fora dessas caçadas, a tartagura protostegídea Notochelone costata, de cerca de 1,5 m, nada perto da superfície. No canto inferior esquerdo está o peixe Richmondichthys sweeti, filtrador que passava de 1,6 m. Dois tipos de amonitas estão presentes, alguns Myloceras sp. um pouco distantes à esquerda (acima do Richmondichthys) e um grupo de Beudanticeras flindersi à frente, no canto direito (embora uma revisão recente indique que os espécimes da Formação Toolebuc não pertençam a esse gênero). O que parecem ser pontos espalhados pelo fundo visto de longe se tratam, na verdade, de conchas gigantes do bivalve Inoceramus sutherlandi, de 1 m.

Na costa, alguns animais terrestres passam pelo local: um bando de Muttaburrasaurus langdoni, ornitópodes com cerca de 8 m, e um par de Kunbarrasaurus ieversi, pequenos anquilossauros com 2,5 m. Há ainda uma revoada das aves enantiornitina Nanantius eos.

Nova arte para o projeto Tales from the Phanerozoic, de João Macêdo. Confira aqui o capítulo sobre o Cretáceo Inferior, com a história por trás da cena e informações detalhadas sobre o ambiente e as criaturas.




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