domingo, 9 de setembro de 2018

Os Rubidgeinae da África do Sul

Rubidgeinae é uma subfamília de gorgonópsios avançados. Em 2016, ela foi detalhadamente revisada por Christian Kammerer, e de 36 espécies até então descritas, 9 foram reconhecidas como distintas e válidas. Dentre elas, 7 chamam a atenção em conjunto por um motivo: viveram no mesmo local e época, na Bacia do Karoo (África do Sul) durante o Permiano Superior.


Smilesaurus feroxAelurognathus tigricepsSycosaurus laticepsLeontosaurus vanderhorstiDinogorgon rubidgeiRubidgea atrox e Clelandina rubidgei. 7 gorgonópsios que conviveram no mesmo ambiente e época.

7 predadores de grande porte (com crânios de não menos que 30 cm, com alguns ultrapassando 40 cm) compartilhando um mesmo ecossistema implicam alguns fatores interessantes, como suas possíveis especializações para que ocupassem nichos variados e diminuíssem a competição, tornando a convivência possível.

A dentição dá pistas dessas adaptações diferentes, onde a quantidade e tamanho dos dentes varia entre as espécies - por exemplo, algumas têm dentes pós-caninos e outras não (ou os têm reduzidos), o que pode indicar suas preferências para presas de porte variado (especula-se que rubidgeíneos sem dentes pós-caninos, como Clelandina, preferissem caçar animais menores e que pudessem engolir inteiros após matá-los facilmente apenas com os incisivos e caninos). Há variações também entre os característicos caninos, que influenciariam na forma que cada animal caçava. Os caninos proporcionalmente maiores são vistos em Smilesaurus, que por isso deveria caçar de forma mais parecida com os felinos "dentes-de-sabre" do que os outros gorgonópsios.

Temos ainda um possível indicador de que esses animais tinham atividade durante períodos diferentes do dia, pois Clelandina tem os anéis escleróticos (anéis ósseos que sustentam seus olhos) curiosamente pequenos, o que revela um animal de hábitos estritamente diurnos. Não sabemos se essa característica é partilhada pelos outros rubidgeíneos, uma vez que não temos preservados seus anéis escleróticos, mas é bastante provável que a atividade em períodos separados do dia tivesse facilitado a existência dessas 7 espécies no mesmo ambiente.


O enorme Rubidgea atrox

Rubidgea dá nome à subfamília e é o seu maior integrante. Na verdade não o é apenas entre ela, mas também é um dos maiores gorgonópsios em geral, rivalizando apenas com Inostrancevia. Embora seu crânio tenha o comprimento comparável ao desse parente russo, o de Rubidgea era notavelmente mais robusto.


Pintura digital.