quinta-feira, 13 de julho de 2023

O Começo de Uma Nova Era - Formação Santa Maria

A terrível grande extinção ao fim do Permiano dizimou a maior parte da vida na Terra e marcou o fim do Palozóico. Uma nova Era, o Mesozóico, começaria no planeta e em seu primeiro Período, o Triássico, a vida estava se recuperando e experimentando adaptações por diferentes nichos em um ecossistema muito abalado pela super extinção. Novas linhagens surgiram e prosperara, incluindo os dinossauros.

A arte retrata o paleoambiente da Formação Santa Maria, Triássico tárdio onde hoje está o Rio Grande do Sul. À frente da cena, um Dynamosuchus collisensis abate um Aetosauroides scagliai juvenil. Primariamente carniceiro, esse ornitossuquídeo de aprox. 2 m não perdeu aqui a oportunidade de abater um presa viva, onde a armadura do aetossauro jovem não foi impecilho para a mordida poderosa do carnívoro. Ele não poderá, no entanto, aproveitar essa caça bem-sucedida, pois um predador maior, um Rauisuchus tiradentes medindo 3 m, avança com a intenção de roubar seu prêmio. Dinossauros curiosos assistem a disputa: um par de Staurikosaurus pricei, terópodes com pouco mais de 2 m, observam tudo na segurança de uma pequena elevação. Um deles carrega na boca um Clevosaurus brasiliensis (um rincocefálio, assim como o moderno tuatara), pequena refeição que guardam para seus filhotes. Destinado a desabar da elevação esta um tronco já inclinado da ginkgófita Sphenobaiera sp.

Um grupo de Exaeretodon riograndensis, cinodontes altamente abundantes no registro fóssil, se alimentam de samambaias Cladophlebis sp. O crânio de um E. riograndensis adulto poderia chegar a ~28 cm, embora esse máximo possa ser devido a amostragem atual disponível. Seu parente da Formação Ischigualasto (Triássico tárdio na Argentina), E. argentinus, tem o maior crânio conhecido em torno de 49 cm, o que indica ou uma diferença clara de tamanho entre as espécies, ou sugere que o Exaeretodon de Santa Maria pudesse crescer mais.

Outros herbívoros comuns do ambiente também são vistos na área, os rincossauros de 1,3 m Hyperodapedon huenei, com seus estranhos bicos. Descansando na margem do rio, em frente as grandes cavalinhas Neocalamites sp., estão alguns Proterochampsa nodosa, predadores aparentemente semi-aquáticos cujo crânio, refleto de protuberâncias, alcançava ~42 cm.

Mais ao fundo está um Saturnalia tupiniquim, sauropodomorfo com menos de 2 m que reflete bem o início dessa linhagem - animais ágeis de pequeno/médio porte, bem diferente dos gigantes saurópodes que veríamos no Jurássico ou Cretáceo. Perto dele está um grupo de Ixalerpeton polesinensis, pequenos (aprox. 70 cm) parentes dos pterossauros. Descansando sobre um tronco caído está um formidável predador que beirava os 1,5 m, o cinodonte Trudidocynodon riograndensis

A flora dominante segundo o registro fóssil são múltiplas espécies de Dicroidium, planta retratada com o aspecto de uma longa palmeira (chegando a 10 m de altura) de tronco torcido, seguindo a reconstrução proposta para os Dicroidium da Formação Ischigualasto. São ilustrados também alguns indivíduos pequenos representando primariamente plantas jovens ou, de forma mais especulativa, espécies menores para sugerir a variedade dos fósseis. Outras árvores que compões a floresta da cena são Ginkgoites antartica e Podozamites sp., esta última reconstruída como uma grande conífera.

Taeniopteris sp. é uma planta enigmática, de um grupo que possivelmente crescia como "emaranhados" no entorno de rios sob a sombra de árvores, evitando assim competição por luz. Há ainda exemplares de Nilssonia (retratada com aspecto de cica, o que é incerto) e Williamsonia, que também marcam presença nos registros da Formação.

Nova arte para o projeto Tales from the Phanerozoic, de João Macêdo. Confira aqui o capítulo sobre o Triássico, com a história por trás da cena e informações detalhadas sobre o ambiente e as criaturas.