terça-feira, 1 de setembro de 2020

Peso-pena a multi-tonelada - Revisando a massa dos dinossauros

Em sua pesquisa recém-publicada, os paleontólogos Nicolás Campione e David Evans revisaram a acurácia e a precisão nas técnicas utilizadas ao longo dos anos para estimar a massa dos dinossauros.

No geral, há duas abordagens principais empregadas: o uso de modelos tridimensionais do animal para se chegar à densidade volumétrica (no artigo, método abreviado como "VD" para "volumetric-density"), mais utilizada em grupos extintos, como os próprios dinossauros não-avianos, e o cálculo comparativo a partir de medidas dos ossos das espécies extintas com as atuais (método abreviado como "ES" para "extant scaling"), mais comum em animais extintos de grupos viventes, como aves e mamíferos.

Apesar de diferentes, o artigo mostra que ambos os métodos apontam, na maioria das vezes, para resultados consistentes - VD oferecendo mais precisão, e ES acurácia. Em uma entrevista à Phys.org, o Dr. Campione ressalta que "as abordagens são mais complementares do que antagônicas". 

O estudo é importante pois a massa do animal influencia diretamente seu estilo de vida, sua dieta, sua locomoção, seu metabolismo, seu crescimento e ainda mais aspectos. Quanto melhor entendermos e pudermos estimar a massa, melhor conheceremos essas criaturas.

O artigo também lista dinossauros não-avianos, separados em tabelas de 10 maiores e 10 menores quadrúpedes e bípedes, e calcula sua massa. A imagem abaixo seleciona alguns desses dinossauros e os reconstrói em vida, ilustrando a variedade de formas e tamanhos do grupo ao longo do Mesozoico.

Meus agradecimentos ao convite do Dr. Campione para realizar essa reconstrução para a cobertura do artigo na imprensa!


Da esquerda para a direita: Segnosaurus, membro dos esquisitos Therizinosauria; Um clássico entre os grandes dinossauros, Apatosaurus; Magyarosaurus, um saurópode diminuto; Deinocheirus, grande terópode de características incomuns; Patagotitan, gigantesco Titanosauria e um dos maiores dinossauros; Struthiosaurus, um anquilossauro pequenino; Saichania, dinossauro blindado de porte médio; O famoso e único Tyrannosaurus; Tenontosaurus, ornitópode médio-grande de cauda longa; Montanoceratops, um ceratopsiano primitivo.
No quadro ampliado: O minúsculo Iberomesornis, do tamanho de um pardal; Hongshanornis, das espécies na imagem, o parente mais próximo das aves modernas; Longirostravis e seu curioso focinho longo.
Na silhueta humana, o próprio Dr. Campione.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Proganochelys

Proganochelys quenstedti, uma "proto-tartaruga" de aproximadamente 1 m de comprimento. A espécie é conhecida do Triássico Superior da Alemanha, onde conviveu, por exemplo, com o dinossauro Plateosaurus e o temnospôndilo Gerrothorax. Outras espécies do gênero viveram onde hoje estão a Thailândia (P. ruchae) e a Groenlândia (P. sp).

O animal definitivamente foi bem protegido. Além do casco, possuía também uma verdadeira armadura de osteodermos no pescoço, cauda (incluindo em sua ponta uma clava) e membros. Osteodermos do pescoço e da cauda em especial projetam múltiplos espinhos (sempre 3 espinhos para cada osteodermo da cauda, formando uma sequência de tríades; a clava é, provavelmente, resultado da fusão de 3 tríades). É interessante apontar também que, apesar de possuir um bico, Proganochelys ainda apresentava dentes no palato, característica primitiva vista nos ancestrais das tartarugas modernas e seus parentes.

P. quenstedti é conhecida de espécimes bem completos, o que permite conhecê-la bem. Sua osteologia foi detalhadamente descrita por Eugene F. Gaffney e, sobre seu estilo de vida, trabalhos interessantíssimos foram publicados. Scheyer & Sander investigaram a histologia de tartarugas modernas e parentes extintos, e a comparação apontou hábitos terrestres para Proganochelys (ao contrário das noções anteriores de vida aquática/semi-aquática); sobre a marcante capacidade de quelônios guardarem o pescoço e cabeça na carapaça, Ingmar Werneburg e colegas apontaram que Proganochelys conseguiria retrair o pescoço lateralmente e posicionar a cabeça sob a borda do casco, ainda que o movimento fosse simples se comparado à curva em "S" que tartarugas modernas realizam com o pescoço (tanto as Pleurodira quanto as Cryptodira).

Porcelana fria, escala 1:4.













sexta-feira, 6 de março de 2020

Captorrinídeos da Formação Pedra de Fogo

Um Moradisaurinae indeterminado e alguns Captorhinikos sp. se alimentam e descansam em meio a mata úmida da Formação Pedra de Fogo, Permiano inferior onde hoje está o Piauí.

Esses répteis tratam-se dos mais antigos tetrápodes herbívoros conhecidos do Gondwana, além de marcarem o primeiro registro de captorrinídeos na América do Sul.

Tive o prazer de realizar a ilustração a convite e supervisão do Dr. Juan Carlos Cisneros! Muito obrigado e parabéns à toda a equipe pela fantástica pesquisa!

Confira o artigo para saber mais sobre os Captorhinidae do Nordeste brasileiro:
Cisneros JC, Angielczyk K, Kammerer CF, Smith RMH, Fröbisch J, Marsicano CA, Richter M. 2020. Captorhinid reptiles from the lower Permian Pedra de Fogo Formation, Piauí, Brazil: the earliest herbivorous tetrapods in Gondwana. PeerJ 8:e8719 doi.org/10.7717/peerj.8719



quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Prestosuchus

Prestosuchus, um grande predador da pré-história brasileira - seu crânio, junto da mandíbula, atingia 88cm. Viveu durante o Triássico Médio onde hoje está o Rio Grande do Sul.

P. chiniquensis foi descrito, junto de outros animais da Formação Santa Maria,  por von Huene em 1942. Desde então, novos espécimes foram descobertos e estudados, como por exemplo o mencionado grande crânio e um indivíduo menor mais completo. Já se constatou, inclusive, que diferentes espécimes mostram formas juvenis de Prestosuchus, nos fornecendo informação sobre o crescimento desse impressionante réptil.

O modelo retrata o animal arqueando os membros e abrindo a boca, uma postura comunicativa que poderia impressionar uma fêmea ou assustar um rival.

Porcelana fria, escala 1:20.