segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Gerrothorax

O temnospôndilo Gerrothorax pulcherrimus, plagiossaurídeo com cerca de 1m de comprimento que viveu do Triássico Inferior ao Superior. Seus fósseis foram encontrados na Alemanha, na Suécia, na Groenlândia e na Tailândia. Sua existência por tão vasto intervalo de tempo e de espaço, mantendo basicamente a mesma forma, revela um animal bem sucedido e com boa flexibilidade ao seu ambiente - ele inevitavelmente precisava estar em um corpo d'água, mas apresentava boa tolerância ao tamanho e salinidade do local, onde provavelmente caçava espécies diversas (sem depender de uma presa específica).

Gerrothorax foi um predador que deveria emboscar no fundo de rios, lagos, pântanos e estuários. Sua forma de capturar as presas já foi abordada por vezes na literatura, e uma ideia comum é a de que o animal pudesse permanecer em repouso, com a mandíbula imóvel, e abocanhar (ou tragar pela sucção da água) a presa apenas por elevar rapidamente o crânio, que confere uma ampla mordida por si só, mesmo sem abaixar a mandíbula (um trabalho relativamente recente detalha essa capacidade). Um estudo posterior concluiu, no entanto, que abrir a boca apenas erguendo o crânio, sem mover a mandíbula, não deixaria espaço para seu aparato hiobranquial se retrair e gerar a sucção da água e da presa para a boca. Como solução, foi pensado que, uma vez detectado o alimento, Gerrothorax levantaria a cabeça (talvez também um pouco do corpo) com a boca fechada, e então abriria a boca levantando o crânio e abaixando a mandíbula. Com essa ação, sim, o aparato hiobranquial se retraia, expandindo então a cavidade bucal e possibilitando a sucção da água e da presa. Sua musculatura permitiria que a boca abrisse e fechasse com rapidez, e a água sugada podia ser liberada pelas guelras.

Seu corpo era achatado e protegido por uma armadura de placas. Seus membros posteriores se voltavam para trás (um pesquisador chegou a comparar essa condição à das focas), seguindo a direção da cauda. A cauda em si era um tanto curta, então as pernas deveriam agir junto dela como uma nadadeira horizontal única para garantir a propulsão durante o nado. Os membros anteriores, portanto, teriam pouco papel para nadar e seriam mais úteis para ajudar a se apoiar ou se locomover no fundo das águas em que habitava.

Porcelana fria, escala 1:5.














Hoje entendemos que um Gerrothorax adulto não teria guelras externas (visivelmente semelhantes, por exemplo, às do atual axolotle), uma concepção comum no passado. Além desse plagiossaurídeo ter características associáveis a guelras internas, pesquisadores identificaram em seu esqueleto o que funcionaria como a "câmara" da guelra interna. Também questionaram por que um animal de corpo tão bem protegido manteria partes tão sensíveis, como as guelras, expostas, uma lógica que concorda com elas terem sido estruturas internas.

 Por valores nostálgicos, porém, o modelo têm guelras externas removíveis para que possa ser exposto também numa versão "retrô", bastando removê-las para voltar à versão moderna, de guelras internas, quando desejado.




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