terça-feira, 26 de novembro de 2019

Targaryendraco

Targaryendraco wiedenrothi, um recém descrito pterossauro cujo nome homenageia o fenômeno Game of Thrones. Mas o mais interessante sobre ele não é o nome, e sim sua contribuição para o nosso entendimento sobre toda uma linhagem de pterossauros.
Tive o prazer de realizar a reconstrução do Targaryendraco para uma matéria do National Geographic sobre o novo pterossauro. Muito obrigado ao Rodrigo Vargas Pêgas pelo convite, e parabéns pela descoberta!

Confira a matéria:


segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Gerrothorax

O temnospôndilo Gerrothorax pulcherrimus, plagiossaurídeo com cerca de 1m de comprimento que viveu do Triássico Inferior ao Superior. Seus fósseis foram encontrados na Alemanha, na Suécia, na Groenlândia e na Tailândia. Sua existência por tão vasto intervalo de tempo e de espaço, mantendo basicamente a mesma forma, revela um animal bem sucedido e com boa flexibilidade ao seu ambiente - ele inevitavelmente precisava estar em um corpo d'água, mas apresentava boa tolerância ao tamanho e salinidade do local, onde provavelmente caçava espécies diversas (sem depender de uma presa específica).

Gerrothorax foi um predador que deveria emboscar no fundo de rios, lagos, pântanos e estuários. Sua forma de capturar as presas já foi abordada por vezes na literatura, e uma ideia comum é a de que o animal pudesse permanecer em repouso, com a mandíbula imóvel, e abocanhar (ou tragar pela sucção da água) a presa apenas por elevar rapidamente o crânio, que confere uma ampla mordida por si só, mesmo sem abaixar a mandíbula (um trabalho relativamente recente detalha essa capacidade). Um estudo posterior concluiu, no entanto, que abrir a boca apenas erguendo o crânio, sem mover a mandíbula, não deixaria espaço para seu aparato hiobranquial se retrair e gerar a sucção da água e da presa para a boca. Como solução, foi pensado que, uma vez detectado o alimento, Gerrothorax levantaria a cabeça (talvez também um pouco do corpo) com a boca fechada, e então abriria a boca levantando o crânio e abaixando a mandíbula. Com essa ação, sim, o aparato hiobranquial se retraia, expandindo então a cavidade bucal e possibilitando a sucção da água e da presa. Sua musculatura permitiria que a boca abrisse e fechasse com rapidez, e a água sugada podia ser liberada pelas guelras.

Seu corpo era achatado e protegido por uma armadura de placas. Seus membros posteriores se voltavam para trás (um pesquisador chegou a comparar essa condição à das focas), seguindo a direção da cauda. A cauda em si era um tanto curta, então as pernas deveriam agir junto dela como uma nadadeira horizontal única para garantir a propulsão durante o nado. Os membros anteriores, portanto, teriam pouco papel para nadar e seriam mais úteis para ajudar a se apoiar ou se locomover no fundo das águas em que habitava.

Porcelana fria, escala 1:5.














Hoje entendemos que um Gerrothorax adulto não teria guelras externas (visivelmente semelhantes, por exemplo, às do atual axolotle), uma concepção comum no passado. Além desse plagiossaurídeo ter características associáveis a guelras internas, pesquisadores identificaram em seu esqueleto o que funcionaria como a "câmara" da guelra interna. Também questionaram por que um animal de corpo tão bem protegido manteria partes tão sensíveis, como as guelras, expostas, uma lógica que concorda com elas terem sido estruturas internas.

 Por valores nostálgicos, porém, o modelo têm guelras externas removíveis para que possa ser exposto também numa versão "retrô", bastando removê-las para voltar à versão moderna, de guelras internas, quando desejado.




quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Conodontes

Novos "conjuntos" de conodontes. As peças baseadas na original apresentada na exposição "Paleo Brasil - A Pré-História invadiu a Estação".

Conodontes são (não sob consenso absoluto) vertebrados ágnatos que viveram do Cambriano ao Triássico. Eles foram, por mais de 100 anos, conhecidos apenas por seus microscópicos dentes (chamados de "elementos conodontes"), o que gerava um imenso mistério acerca de como seriam as criaturas donas de tais microfósseis. Em 1983, foi descrito o primeiro fóssil com impressões do que seria o corpo de um conodonte, revelando um pequeno animal (cerca de 4 cm de comprimento) de corpo longo, nadadeira caudal e o que parecia ser seu par de olhos. Desde então, mais alguns raros fósseis com impressões do corpo foram descobertos, nos fornecendo mais detalhes sobre a aparência desses misteriosos animais.

Porcelana fria. Espécies indeterminadas em escala aumentada indefinida.